PetroPET – Programa de Educação Tutorial em Engenharia de Petróleo

Indústria do petróleo vai liderar atração de investimentos até 2017

Mesmo sem contabilizar ainda os investimentos necessários para desenvolver o campo gigante de Libra, a ser licitado hoje no primeiro leilão do pré-sal, o setor de petróleo e gás será líder na atração de investimentos na indústria de 2014 a 2017, segundo mapeamento do BNDES.

É um dos setores da indústria com maior expansão prevista para os investimentos e o único ligado às commodities a apresentar preceptivas melhores para os próximos quatro anos -quando deverá receber R$ 458 bilhões, com alta de 47% em relação ao período de 2009-2013.

A cifra prevista reúne investimentos em exploração e produção de óleo e gás, refino, distribuição e logística.

O maior montante, porém, virá do investimento em perfuração de poços e contratação de plataformas para extrair petróleo.

Segundo o BNDES, o número já abarca uma parcela, ainda que pequena, dos recursos destinados ao do pré-sal principalmente do campo de Lula, na bacia de Campos, que já produz óleo.
O campo de Libra não entrou nos cálculos porque não existe nem um concessionário nem um plano de negócios para explorar a área.

Para Fernando Puga, técnico do BNDES, o “grande motor” dos investimentos do setor será a área de exploração e produção, com a perspectiva de aumento dos aportes de recursos nas áreas do pré-sal, mesmo sem Libra entrar ainda na conta. Em seguida, aparece a área de refino.

O mapeamento foi feito, diz, com base nos pedidos de empréstimo ao BNDES e nos planos de negócios das empresas do setor, especialmente da Petrobras.

Puga avalia, ao contrário de muitos analistas, que os recentes problemas de caixa da Petrobras e o represamento do reajustes da gasolina (que reduz o faturamento potencial da empresa) não serão problema para cumprir o “ambicioso” plano de investimentos da estatal.

O técnico diz que “a companhia tem feito captações externas e vendido ativos no exterior” para levantar os recursos necessários para tocar seus projetos.

À Folha, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse que a “companhia não enfrenta problemas de caixa, não tem atrasado pagamentos e não tem dívidas com seus fornecedores e prestadores de serviços” -fatores que poderiam sugerir uma dificuldade na execução dos projetos.

Outro setor com bom desempenho, apesar da invasão de importados e dos cenário ruim de preços, é o químico, cujos investimentos previstos devem crescer 20% e atingir R$ 24,8 bilhões de 2014 a 2017.

Uma parte dos projetos da Petrobras são inseridos na indústria química, como o Comperj, complexo petroquímico em construção no Rio cuja matéria-prima será o gás do pré-sal. O gás será usado no polo para produzir insumos destinados à fabricação do plástico.

Leilão de Libra foi um sucesso, diz Mantega

Repasse mínimo, de 41,65%, ‘não deixou o governo triste’, disse o ministro.
Ministro disse que exploração do campo deve ajudar a balança comercial.


Após um consórcio formado pela Petrobras ter arrematado o campo de Libra, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira (21), que o leilão foi um sucesso. “O governo está muito satisfeito com o leilão de Libra, o leilão foi um sucesso, é maior do gênero que já tivemos nos país”, afirmou.

Mantega disse que a oferta de repasse de 41,65% da produção à União, o mínimo previsto, “não deixou o governo triste, porque é 41,5% dos lucros obtidos com essa exploração”. “Como sabemos que esse reservatório é muito rentável, então é 41% de um bolo grande, então estamos satisfeitos com essa participação”, disse.
O ministro disse que o governo ficou satisfeito por se tratar de grandes somas de investimento e de grande capacidade tecnológica, o que limita a participação de empresas, mas espera “que no futuro possa haver leilões com mais consórcios”.
O ministro disse ainda que espera que este seja o maior leilão, por enquanto, já que há previsão de novas áreas do pré-sal serem leiloadas no futuro. Mantega afirmou que o governo não cogita mudar o formato do leilão, “não vejo razão para uma mudança no modelo, principalmente agora que nós vimos que funciona”, afirmou.
Ele disse que o governo vai avaliar a possibilidade de fazer novos leilões em 2014 ou 2015, que seria uma próxima rodada.
Mantega pontuou que o caixa da Petrobras é muito maior que os R$ 6 bilhões que ela tem de pagar e, perguntado sobre a possibilidade de haver aumentos de combustíveis, o minsitro disse não haver aumentos definidos e que eles virão, se tiverem que acontecer.
O titular da Fazenda disse ainda que o pagamento do bônus de R$ 15 milhões pelo consórcio será pago na assinatura dos contratos, o que deve ocorrer em cerca de 30 dias, e a expectativa pe que cerca de R$ 4 bilhões entrem no país por conta do pagamento.

Alto nível

Mantega vê o consórcio que adquiriru o campo como uma parceira público-privada muito bem equilibrada, com empresas de “alto nível” e “habilitadas para a exploração desse petróleo no tempo mais rápido possível que é o que nos interessa”.
Mantega apontou que será preciso tecnologia “sofisticada”, necessária para explorar o petróleo a 7 mil metros de profundidade, e recursos financeiros para fazer os investimentos necessários, que são da ordem de US$ 180 bilhões em 35 anos. Os primeiros anos, no entanto, deverão concentrar a maior parte desses investimentos.
Segundo Mantega, a produção de Libra junto com os demais poços do pré-sal vai gerar um excedente de petróleo, que será exportado. “O excedente de petróleo vai melhorar também nossa balança comercial”, disse Mantega.
A expectativa é que a Petrobras produza, até 2020, 4 milhões de barris/dia de petróleo equivalente, ante 2 milhões de barris/dia, disse o ministro. “Estaremos não só atendendo a demanda interna, e termos também o excedente exportável que vai melhorar nossa balança comercial”, disse.

Investimentos

As empresas vencedoras deverão pagar um bônus de R$ 15 bilhões na assinatura do contrato. Ele aponta que deverão entrar no país cerca de R$ 4 bilhões por conta desse pagamento.
Segundo Mantega, não haverá linha especial, mas certamente no caso de plataformas que serão construídas aqui no Brasil haverá financiamento do BNDES.
Segundo Mantega, serão necessários investimentos de cerca de US$ 180 bilhões nos próximos 35 anos, que é o período de partilha. Os primeiros dez anos é que devem concentrar os investimentos, segundo ministro, que citou, entre eles, de 12 a 15 novas plataformas.
A previsão do governo é de R$ 28 bilhões de investimentos público-privados em pesquisa e desenvolvimento, nos próximos dez anos. “Os investimentos vão movimentar toda uma cadeia produtiva em torno do gás e petróleo e, com isso, será a principal cadeia positiva em termos de investimentos nos próximos anos”, disse.
Mantega destacou que os investimentos no pré-sal por conta do leilão vão confirmar que o segmento serão que mais terá investimentos no país ao longo dos próximos anos. Ele também destacou que a Petrobras estará à frente do processo de desenvolvimento de tecnologia.

Consórcio vencedor

O consórcio formado pelas empresas Petrobras, Shell, Total, CNPC e CNOOC foi o único a apresentar proposta, contrariando previsões do governo, e ofereceu repassar à União 41,65% do excedente em óleo extraído do campo, o mínimo exigido. A Petrobras ficou com a maior participação no edital, de 40%, sendo 30% já previstos para a estatal em edital.
A participação de apenas um consórcio contrariou as previsões do governo. O leilão do campo de Libra foi o primeiro leilão do pré-sal sob o regime de partilha – em que parte do petróleo extraído fica com a União.

É ‘bem diferente’ de privatização, afirma Dilma sobre leilão do pré-sal

Presidente falou sobre leilão do Campo de Libra em pronunciamento na TV.
Segundo ela, ‘empresas privadas parceiras também serão beneficiadas’.


A presidente Dilma Rousseff negou na noite desta segunda-feira (21) que o leilão do Campo de Libra, o primeiro da camada pré-sal sob o regime de partilha, represente uma privatização. Em pronunciamento de oito minutos e três segundos em rede nacional de rádio e televisão, ela afirmou que 85% de toda a renda gerada pelo campo ficará com a União ou com a Petrobras e que as empresas parceiras terão seus lucros, compatíveis com os riscos que correrão.
O vencedor do leilão foi o consórcio formado pelas empresas Petrobras, Shell, Total, CNPC e CNOOC. Único a apresentar proposta, o consórcio ofereceu repassar à União 41,65% do excedente em óleo extraído do campo, percentual mínimo fixado pelo governo no edital. Nesse leilão, vencia quem oferecesse ao governo a maior fatia de óleo – o regime se chama partilha porque as empresas repartem a produção com a União.

“Pelos resultados do leilão, 85% de toda a renda a ser produzida no Campo de Libra vão pertencer ao Estado brasileiro e à Petrobras. Isso é bem diferente de privatização”, disse a presidente. Após o leilão, políticos de oposição, como o senador Aécio Neves, possível candidato a presidente da República, afirmaram que o governo reconheceu a “importância do investimento privado”.
Segundo Dilma, “as empresas privadas parceiras também serão beneficiadas, pois, ao produzir essa riqueza, vão obter lucros significativos, compatíveis com o risco assumido e com os investimentos que estarão realizando no país. Não podia ser diferente”.
Ao justificar os lucros que as empresas vão ter, a presidente citou os empregos e renda  a serem gerados. “O Brasil é – e continuará sendo – um país aberto ao investimento, nacional ou estrangeiro, que respeita contratos e que preserva sua soberania. Por tudo isso, o leilão de Libra representa um marco na história do Brasil”, justificou. “Estamos transformando o pré-sal num passarporte futuro para uma sociedade mais justa e com melhor distribuição de renda”, disse.

Dilma  elogiou o regime de partilha, elaborado com o Congresso Nacional. “Com ele estamos garantindo um equilíbrio justo entre os interesses do Estado brasileiro e os lucros da Petrobras e das empresas parceiras. Trata-se de uma parceria onde todos sairão ganhando”, disse.
Dilma destacou os avanços sociais que os recursos da área do pré-sal poderão, segundo ela, trazer para o Brasil. De acordo com a presidente, só o Campo de Libra será responsável sozinho por 67% de toda a produção de óleo do país, ou seja, 1,4 milhão de barris. Em 35 anos, diz Dilma no pronunciamento, o Estado brasileiro receberá mais de R$ 1 trilhão: R$ 270 bilhões em royalties, R$ 736 bilhões pelo excedente de óleo sob o regime de partilha e R$ 15 bilhões como bônus de assinatura.
Desse total, ressaltou a presidente, todo o recurso dos royalties e metade da participação especial (R$ 736 bilhões) serão investidos em educação e saúde.

“A batida do martelo do leilão de Libra, hoje, foi também a batida na porta de um grande futuro que se abre para nós, para nossos filhos e para nossos netos”, sustenta Dilma.
A presidente também se referiu à geração de “milhões” de empregos na construção de superplataformas para a extração do petróleo do pré-sal.

Íntegra

Leia abaixo a íntegra do pronunciamento da presidente.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,
No dia de hoje o Brasil deu um grande passo: começou a se tornar realidade a exploração em larga escala do nosso pré-sal. E passamos a garantir, para o futuro, uma massa de recursos jamais imaginada para a educação e para a saúde em nosso país.
A fabulosa riqueza que jazia nas profundezas dos nossos mares, agora descoberta, começa a despertar. Desperta trazendo mais recursos, mais emprego, mais tecnologia, mais soberania e, sobretudo, mais futuro para o Brasil e para todos os brasileiros e brasileiras.
O sucesso do leilão do Campo de Libra – que é o primeiro mega campo do pré-sal a ser licitado em regime de partilha – vai permitir uma parceria da Petrobras com as empresas Shell, Total, e as chinesas CNOOC e CNPC. São empresas grandes e fortes que vão poder explorar, nos próximos 35 anos, um montante de óleo recuperável estimado entre 8 a 12 bilhões de barris de petróleo e 120 bilhões de metros cúbicos de gás natural.
Só para vocês terem uma ideia do que isso significa, basta lembrar que a produção total do Brasil, em 2013, deverá ficar próxima de 2 milhões e 100 mil barris de petróleo diários, enquanto o Campo de Libra vai alcançar, no seu pico de produção, 1 milhão e 400 mil barris de óleo por dia. Ou seja, daqui a uma década, Libra pode representar, sozinha, 67% de toda produção atual de petróleo do Brasil.
Porém, ainda há números mais impressionantes e importantes para os brasileiros. Por favor, prestem bem atenção ao que vou explicar agora. Nos próximos 35 anos Libra pagará os seguintes valores ao Estado brasileiro: primeiro, R$ 270 bilhões em royalties; segundo, R$ 736 bilhões a título de excedente em óleo sob o regime de partilha; terceiro, R$ 15 bilhões, pagos como bônus de assinatura do contrato. Isso alcança um fabuloso montante de mais de R$ 1 trilhão. Repito: mais de R$ 1 trilhão.
Por força da lei que aprovamos no Congresso Nacional, grande parte destes recursos será aplicada em educação e saúde. Isso por que todo o dinheiro dos royalties e metade do excedente em óleo que integra o Fundo Social, no valor de R$ 736 bilhões, serão investidos, exclusivamente, 75% em educação e 25% em saúde.
Mas não param por aí os benefícios sociais diretos de Libra. Porque o restante dos rendimentos do Fundo Social, no valor de R$ 368 bilhões, será aplicado, obrigatoriamente, no combate à pobreza e em projetos de desenvolvimento da cultura, do esporte, da ciência e tecnologia, do meio ambiente, e da mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Minhas amigas e meus amigos,
Bastaria a aplicação correta destes recursos para Libra produzir, nos próximos anos, uma pequena revolução, benéfica e transformadora, em nosso país. Mas há ainda muitos outros benefícios que este mega campo irá trazer. A política que traçamos exige que as plataformas para a produção de petróleo do pré-sal tenham elevado conteúdo de fabricação nacional.
Somente para a exploração de Libra serão necessárias entre 12 a 18 super-plataformas. Além delas, todos os outros equipamentos de produção, como os gasodutos, as linhas de produção, os barcos de apoio, os equipamentos submarinos serão também fabricados no Brasil. Isso vai gerar milhões de empregos e contribuir para o desenvolvimento industrial e tecnológico do nosso parque naval e de nossa indústria de fornecedores de equipamentos e de prestadores de serviços, sem esquecer que o volume de óleo produzido vai elevar em muito nossas exportações e, assim, aumentar o saldo de nossa balança comercial.
Queridos brasileiros e queridas brasileiras,
As etapas de viabilização do pré-sal têm acumulado, até agora, grandes vitórias. As etapas futuras vão trazer, sem dúvida, novos desafios. Mas eu tenho certeza que o Brasil responderá à altura.
Além da vitória tecnológica que foi a descoberta, pela Petrobras, destas gigantescas jazidas, o modelo de partilha que nós construímos significa também uma grande conquista para o Brasil. Com ele, estamos garantindo um equilíbrio justo entre os interesses do Estado brasileiro e os lucros da Petrobras e das empresas parceiras. Trata-se de uma parceria onde todos sairão ganhando.
Pelos resultados do leilão, 85% de toda a renda a ser produzida no Campo de Libra vão pertencer ao Estado brasileiro e à Petrobras. Isso é bem diferente de privatização. As empresas privadas parceiras também serão beneficiadas, pois, ao produzir essa riqueza, vão obter lucros significativos, compatíveis com o risco assumido e com os investimentos que estarão realizando no país. Não podia ser diferente. As empresas petroleiras são parceiras que buscam investir no país, gerar empregos e renda e, naturalmente, obter lucros com esses investimentos. O Brasil é – e continuará sendo – um país aberto ao investimento, nacional ou estrangeiro, que respeita contratos e que preserva sua soberania.
Por tudo isso, o leilão de Libra representa um marco na história do Brasil. Seu sucesso vai se repetir, com certeza, nas futuras licitações do pré-sal. Começamos a transformar uma riqueza finita, que é o petróleo, em um tesouro indestrutível, que é a educação de alta qualidade. Estamos transformando o pré-sal no nosso passaporte para uma sociedade futura mais justa e com melhor distribuição de renda.
A batida do martelo do leilão de Libra, hoje, foi também a batida na porta de um grande futuro que se abre para nós, para nossos filhos e para nossos netos.
Que Deus continue abençoando o Brasil! Obrigada e boa noite.

Modelo de partilha em leilão inibe disputa, diz Zylbersztajn

Segundo ex-diretor da ANP, exigência de a Petrobras ser operadora única deveria ser a primeira regra alterada do novo marco regulatório


Para aumentar a concorrência nas próximas licitações, a exigência de a Petrobras ser operadora única das áreas de petróleo do pré-sal deveria ser a primeira regra alterada do novo marco regulatório, testado nesta segunda-feira, 21, pela primeira vez no leilão da área de Libra, segundo o ex-diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) David Zylbersztajn.

“Se você tirar o operador único, com participação mínima, independentemente de ser partilha ou não, já aumenta a competição, o que é bom”, afirmou Zylbersztajn. “Esse modelo não leva a competição. Ou você cria uma situação de competição, ou vai ser sempre uma repetição do que aconteceu agora. Pode haver no máximo cinco (empresas), então a disputa vai ficar internamente, entre quem vai formar o consórcio com a Petrobras”, completou.

Segundo o ex-diretor-geral da ANP, para as demais companhias, “não faz sentido” concorrer contra a Petrobras. “A Petrobras é operadora e tem no mínimo 30%. Não faz sentido você ganhar em outro consórcio e ter que chamar a Petrobras para conversar, porque as suas contas podem não ser as mesmas. A Petrobras pode dizer que, com (um lance no leilão de) 70% (de óleo-lucro), não tem condições de investir”, disse.

A entrada das multinacionais Total (francesa) e Shell (anglo-holandesa) com peso equivalente ao das estatais chinesas CNOOC e CNPC foi a maior surpresa do leilão, mas, na visão de Zylbersztajn, é difícil avaliar o modelo e Libra funcionará como um “laboratório”.

“Libra é um bom laboratório. Aí, as circunstâncias serão outras. Vamos saber como a PPSA funcionou, se foi mais ou menos intervencionista. Aí você vai ter outro ambiente. Já temos pré-sal em área de concessão, tem esse pré-sal sob partilha e temos que ver, daqui a dois anos, o que vai ter acontecido”, afirmou Zylbersztajn.

Segundo Zylbersztajn, se as multinacionais Shell e Total entraram no consórcio, foi porque fizeram as contas e avaliaram que as vantagens superavam os riscos, como o desenvolvimento de tecnologias e os pesados investimentos. O maior dos riscos, porém, é a “tutela estatal” e, sobre ele, ainda há incertezas.

Consórcio de Libra poderá começar a produzir até o final da década

Petroleiras que arremataram o bloco gigante têm pressa para explorar a primeira área leiloada no pré-sal, sinalizaram representantes


As petroleiras que arremataram o bloco gigante de Libra têm pressa para explorar a primeira área leiloada no pré-sal sob o regime de partilha da produção, sinalizaram representantes de duas empresas do consórcio vencedor.

O diretor-geral da francesa Total no Brasil, Denis Palluat, avalia ser viável iniciar a produção até o final desta década, prazo inicialmente estimado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O consórcio realizará trabalhos exploratórios o mais rápido possível, acrescentou.

A Petrobras e as parceiras Shell, a Total e as estatais chinesas CNPC e CNOOC venceram nesta segunda-feira o leilão pelo direito de exploração da área de Libra –maior reserva de petróleo já descoberta no Brasil.

“Temos um ‘dream team’ neste consórcio, um grupo muito equilibrado, com Brasil, Europa e a China”, afirmou o executivo francês.

O presidente da Shell, André Araújo, outra parceira no consórcio, também disse que as empresas querem perfurar poços em Libra rapidamente.

“Vocês sabem que é difícil fazer projeções”, afirmou, evitando falar em prazos.

O início da produção no campo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, deve acontecer a partir de 2018, de acordo com a ANP.

O pico de produção deve acontecer em até 15 anos, após a assinatura do contrato. A previsão é que atinja um pico de 1,4 milhão de barris, de acordo com cálculos da ANP.

“Espero que eles estejam certos. Antes era 1 milhão… é bom achar que é mais, mas temos um poço só perfurado”, declarou o executivo da Total.

Modelo de partilha em leilão inibe disputa, diz Zylbersztajn

Segundo ex-diretor da ANP, exigência de a Petrobras ser operadora única deveria ser a primeira regra alterada do novo marco regulatório


Para aumentar a concorrência nas próximas licitações, a exigência de a Petrobras ser operadora única das áreas de petróleo do pré-sal deveria ser a primeira regra alterada do novo marco regulatório, testado nesta segunda-feira, 21, pela primeira vez no leilão da área de Libra, segundo o ex-diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) David Zylbersztajn.

“Se você tirar o operador único, com participação mínima, independentemente de ser partilha ou não, já aumenta a competição, o que é bom”, afirmou Zylbersztajn. “Esse modelo não leva a competição. Ou você cria uma situação de competição, ou vai ser sempre uma repetição do que aconteceu agora. Pode haver no máximo cinco (empresas), então a disputa vai ficar internamente, entre quem vai formar o consórcio com a Petrobras”, completou.

Segundo o ex-diretor-geral da ANP, para as demais companhias, “não faz sentido” concorrer contra a Petrobras. “A Petrobras é operadora e tem no mínimo 30%. Não faz sentido você ganhar em outro consórcio e ter que chamar a Petrobras para conversar, porque as suas contas podem não ser as mesmas. A Petrobras pode dizer que, com (um lance no leilão de) 70% (de óleo-lucro), não tem condições de investir”, disse.

A entrada das multinacionais Total (francesa) e Shell (anglo-holandesa) com peso equivalente ao das estatais chinesas CNOOC e CNPC foi a maior surpresa do leilão, mas, na visão de Zylbersztajn, é difícil avaliar o modelo e Libra funcionará como um “laboratório”.

“Libra é um bom laboratório. Aí, as circunstâncias serão outras. Vamos saber como a PPSA funcionou, se foi mais ou menos intervencionista. Aí você vai ter outro ambiente. Já temos pré-sal em área de concessão, tem esse pré-sal sob partilha e temos que ver, daqui a dois anos, o que vai ter acontecido”, afirmou Zylbersztajn.

Segundo Zylbersztajn, se as multinacionais Shell e Total entraram no consórcio, foi porque fizeram as contas e avaliaram que as vantagens superavam os riscos, como o desenvolvimento de tecnologias e os pesados investimentos. O maior dos riscos, porém, é a “tutela estatal” e, sobre ele, ainda há incertezas.

11 carreiras que vão despontar com a exploração do pré-sal

De geólogos a oficiais de náutica, passando por engenheiros de perfuração e gerentes de plataforma, confira as oportunidades que surgem no mercado de óleo e gás


De 2014 a 2017, o setor que vai liderar a atração de investimentos na indústria será o de petróleo e gás. Segundo o BNDES, em 4 anos, 458 bilhões de reais serão destinados a exploração e produção de óleo e gás, refino, distribuição e logística. A alta é de 47%, na comparação com o período de 2009 a 2013, e os dados são relativos aos pedidos de empréstimo ao BNDES e planos de negócios das empresas do setor, sobretudo a Petrobras.

E o pré-sal só representa uma pequena parcela desses investimentos projetados, segundo o BNDES. Para se ter uma ideia, o Campo de Libra – que está no centro das atenções e é primeiro contemplado pelo leilão do pré-sal – nem teve os investimentos contabilizados pelo banco, já que ainda inexiste um plano de negócios para explorar a área, por enquanto.

Isso significa que as cifras vão aumentar consideravelmente com a entrada do pré-sal nos cálculos dos investimentos. “Especula-se que serão 18 plataformas no Campo de Libra, então com certeza vai ter muita movimentação no mercado”, diz Caio Mase, gerente da Robert Walters do Rio de Janeiro.

E com as atenções voltadas à exploração do Campo de Libra, leilão vencido agora há pouco pelo consórcio composto pela Petrobras (10%), Shell (20%), Total (20%), CNOOC (10%), e CNPC (10%), muitas carreiras ligadas a esta área devem despontar no mercado brasileiro nos próximos anos, diz ele. “Sobretudo as empresas chinesas (CNOOC e CNPC) vão entrar sem estrutura no país, então vão precisar estruturar a parte de operações, esta em maior volume, e de negócios também”, diz Mase. De acordo com ele, quem tem experiência em pré-sal e conhece a região de exploração vai sair na frente.

“Temos que pensar que, do momento da licitação até o primeiro barril extraído de óleo, passam  de 6 a 10 anos, o que dá tempo para o Brasil formar profissionais”, diz Bruno Stefani, gerente da divisão de óleo e gás da Michael Page.

EXAME.com consultou dois especialistas em recrutamento no setor de óleo e gás para saber quais serão os profissionais mais requisitados pelo setor em cada uma das fases da cadeia de produção. Confira:

Fase inicial de investigação para exploração:

É a fase em que há oportunidades para profissionais ligados à geologia que vão investigar o potencial de exploração do campo. Veja os profissionais mais demandados nesta etapa inicial.

1. Geólogos

Com formação em geologia, esse profissional vai estudar as características da área potencialmente explorável. “Assim que sai da faculdade, o geólogo vai buscando especializações e começa a ramificar a atuação”, diz Stefani.

Salário: em início de carreira, geólogos têm remunerações entre 6 a 8 mil reais nesse setor.

2. Geofísicos

São profissionais de formação em geologia e com especialização em geofísica. “Se são empresas em operação inicial no Brasil, geralmente vão buscar alguém com mais experiência, que conheça a geologia das áreas”, diz Stefani. Companhias já estruturadas como a Shell ou a BP dão mais espaço para profissionais de menor senioridade.

Salário: varia bastante. Para quem tem menos experiência, varia de 8 mil a 12 mil reais. Profissionais experientes podem ter salários acima de 30 mil reais.

3. Petrofísicos

Profissionais de geologia especializados em petrofísica também são bastante demandandos nesta fase de investigação. Novamente, explica Stefani, dependendo da empresa, a busca pode ser por profissionais mais ou menos experientes e isso vai influir diretamente na remuneração.

Salário: Nível júnior de 8 a 12 mil reais. Com certo tempo de experiência na função, a remuneração pode variar entre 12 mil e 15 mil reais e profissionais de alto nível de senioridade chegam a ganhar entre 35 mil e 45 mil reais.

Fase de testes de perfuração:

Depois do trabalho dos geólogos, entram os profissionais que vão realizar os testes para confirmar a viabilidade da exploração apontada na fase de investigação. “São as pessoas que vão testar se o campo é mesmo viável, como disseram os geólogos”, explica Stefani. Por exemplo, se as estimativas dão conta de uma reserva de 8 a 12 bilhões de barris de petróleo no Campo de Libra, a fase de testes vai definir o que será, de fato, extraído. Confira os profissionais que entram nessa fase:

4. Engenheiro de perfuração:

A formação em engenharia é obrigatória, mas a habilitação pode variar bastante entre os profissionais desse ramo, segundo Stefani. “Pode ser um engenheiro mecânico, civil, eletricista, entre outras habilitações. A formação é bem ampla”, diz o gerente da Michael Page. Como não existe pós-graduação em engenharia de perfuração, a especialização nesse ramo é “on the job”. “O profissional pode ter pós-graduação em petróleo, mas geralmente é uma pessoa que adquiriu experiência trabalhando para prestadoras de serviço para a indústria de óleo e gás”, diz Stefani. Segundo ele, a grande escola dos engenheiros de perfuração costuma ser a experiência em turnos off-shore nas empresas prestadoras de serviço.

Salário: nível júnior, com experiência de até 5 anos, tem remuneração fixa variando entre 8 mil e 12 mil reais. “Mas  é um profissional que fica embarcado, há adicionais que podem dobrar o valor do salário”, diz Stefani. Profissionais experientes chegam a ganhar mais de 30 mil mensais.

5. Gerentes de perfuração:

Formação técnica é a mesma do engenheiro de perfuração, o que diferencia é a função de gestão. “É um engenheiro de perfuração que foi ganhando experiência técnica suficiente para ser um gestor”, diz Stefani. O cargo é destinado, diz o gerente da Michael Page, a profissionais com mais de 45 anos, já que, geralmente, a experiência necessária é gira em torno dos 20 anos.

Salário: como são profissionais de nível sênior, o salário pode ultrapassar os 30 mil reais. “Mais isso vai variar de acordo com o porte da empresa”, diz Stefani.

Fase de projetos

O sucesso das fases de investigação e de teste resulta no início da fase de projetos de exploração. “Nesta fase há uma gama maior de atividades com a contratação de uma série de empresas prestadoras de serviço”, diz Stefani. É o momento de planejar, projetar e gerenciar processos.

6. Gerente de contratos

Formação em engenharia é fundamental para gerenciar contratos de todos os tipos no setor de óleo e gás. O cargo, por ser  de gestão, pede experiência técnica. “São engenheiros que já foram de perfil mão na massa e hoje estão em cargo de gestão”, diz Stefani. Das carreiras que despontam nesta fase de projetos, esta é a mais “global”. “O gerente de contratos cuida de todas as disciplinas abaixo dele”, explica o gerente da Michael Page. Por exemplo, um projeto de construção de uma embarcação de produção e armazenagem de petróleo, uma FPSO (Floating Production Storage and Offloading) – que é, na verdade, uma grande planta química, só que a 200 quilômetros da costa – o gerente de contrato olha para o todo. “Ele é o dono de toda a embarcação, responsável por um contrato de 1 bilhão, por exemplo, e deve conhecer bem todas as fases do projeto”, explica Stefani.

Salário: vai variar de 15 mil a 40 mil, dependendo do porte da empresa e do nível de senioridade.

7. Gerente de projetos

É o gestor responsável por projetos específicos dentro da planta de exploração. Formação também em engenharia e experiência prévia são fundamentais para este cargo.

Salário: vai variar de 15 mil a 40 mil, dependendo do porte da empresa e do nível de senioridade.

8. Gerente de engenharia

É quem vai comandar a equipe de engenheiros nos projetos que podem abarcar desde a tubulação da embarcação FPSO como também a parte mecânica, elétrica, entre outras. Como ocorre com os outros cargos de gestão em óleo e gás já citados, ter experiência na área vai fazer toda a diferença para garantir uma oportunidade nesta posição.

Salário: vai variar de 15 mil a 40 mil, dependendo do porte da empresa e do nível de senioridade.

Fase de produção

É a etapa final da cadeia de óleo e gás. “É a fase de começar, de fato, a extrair e produzir”, diz Stefani. Neste momento são contratadas prestadoras de diversos serviços de apoio à produção e manutenção, de acordo com o especialista. Veja os cargos que ganham mais demanda nesta fase:

9. Gerente de operação

Formação em engenharia. Diversas habilitações profissionais se encaixam no perfil do gestor de operações. “Há movimentos no mercado de ir buscar esses profissionais na indústria química e petroquímica”, diz Stefani. É um cargo com alto grau de responsabilidade, lembra o especialista da Michael Page, já que é o profissional responsável por gerenciar toda a planta química off-shore que é a FPSO. Por isso a experiência é o diferencial para garantir a vaga.

Salário: profissionais com 10 anos de experiência ganham, em média, 35 mil reais. Quanto maior o tempo de experiência, maior o salário, que pode chegar a 50 mil reais, de acordo com o gerente da Michael Page.

10. Gerente de plataforma

Formação em engenharia e experiência prévia são mandatórias para o cargo, segundo Caio Mase, gerente da Robert Walters do Rio de Janeiro. “Não conheço nenhum gerente de plataforma que não tenha trabalhado de 5 a 8 anos embarcado”, diz ele. Outro ponto que ele destaca é a importância das habilidades de gestão. “Contam mais o conhecimento e o perfil de gestão desse profissional”, diz ele. Comprometimento com o projeto é fundamental, assim como a preocupação com questões de segurança do trabalho, destaca Mase.

Salário: para um profissional de nível sênior pode variar de 25 mil a 35 mil reais. “ Tem a questão da periculosidade , pelo fato de estarem embarcados, que aumenta o salário também”, lembra o gerente da Robert Walters.

11. Oficiais de náutica

De acordo com Stefani, este é um gargalo de formação no Brasil. “Os oficiais de náutica são formados pela Marinha e é uma área que não desperta muita atenção dos jovens na época de faculdade”, diz Stefani. Ele ressalta que cada uma das embarcações que fazem o apoio da produção precisa ter oficiais de náutica.

Salário: para um comandante pode passar de 30 mil reais. “Recentemente fizemos uma posição bem específica de comandante para uma empresa internacional, o profissional selecionado era de nível sênior, tinha 30 anos de experiência, e o salário chegou aos 40 mil reais.

Consórcio formado por Petrobras e mais 4 empresas vence leilão de Libra

Grupo também é composto por Shell, Total, CNPC e CNOOC.
Consórcio repassará à União 41,65% do óleo extraído do campo do pré-sal.


O consórcio formado pelas empresas Petrobras, Shell, Total, CNPC e CNOOC arrematou nesta segunda-feira (21) o campo de Libra e foi o vencedor do primeiro leilão do pré-sal sob o regime de partilha – em que parte do petróleo extraído fica com a União.
Único a apresentar proposta, contrariando previsões do governo, o consórcio ofereceu repassar à União 41,65% do excedente em óleo extraído do campo – percentual mínimo fixado pelo governo no edital.
Nesse leilão, vencia quem oferecesse ao governo a maior fatia de óleo – o regime se chama partilha porque as empresas repartem a produção com a União.
O consórcio vencedor também terá que pagar à União um bônus de assinatura do contrato de concessão no valor de R$ 15 bilhões. Segundo a Agência Nacional do Petróleo(ANP), esse valor deve ser pago de uma vez. O pagamento tem que estar depositado para que o contrato seja assinado – o que a Magda Chambriard, diretora geral da agência, previu que aconteça em cerca de 30 dias.
A Petrobras terá a maior participação no consórcio vencedor, de 40%. Isso porque, embora a proposta aponte uma fatia de 10% para a estatal, a empresa tem direito, pelas regras do edital, a outros 30%. A francesa Total e a Shell terão, cada uma, 20%. Já as chinesas CNPC e CNOOC terão 10% cada.

‘Sucesso’
Apesar da proposta única, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, adotaram um discurso otimista nas respostas aos jornalistas que os questionaram sobre o resultado do leilão, diferente da previsão do governo.
“O que aconteceu foi um sucesso absoluto, onde Libra vai ter resultado da ordem de trilhão de reais ao longo de 35 anos [para o governo]. Ninguém pode ficar triste com isso”, disse Chambriard. “Houve competição e o resultado não poderia ter sido melhor”.
“Não houve nenhuma frustração, na medida que temos um bônus de assinatura que é considerável [R$ 15 bilhões, que será pago pelas vencedoras, inclusive a Petrobras] e o mínimo de 41,65% de excedente de óleo. Portanto, nenhuma frustração”, disse Lobão.
A diretora-geral da ANP apontou que as empresas que formam o consórcio estão entre as maiores do setor de energia no mundo. Ela disse ainda que, somados os ganhos com o bônus de assinatura, a partilha do óleo, o retorno da participação na Petrobras e o pagamento de royalties pelas concessionárias, entre outros, a União deve ficar com o equivalente a cerca de 80% do óleo extraído de Libra.
Sobre a desistência de grandes petroleiras do leilão, Magda disse que a BP procurou a ANP e mostrou interesse em participar da exploração do campo de Libra, mas a empresa ficou com receio devido aos prejuízos que teve com o desastre ambiental no Golfo do México.
A previsão inicial da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíves (ANP) era que até 40 empresas poderiam participar do leilão de Libra – gigantes do setor como as norte-americanas Exxon Mobil e Chevron e as britânicas BP e BG nem chegaram a se inscrever.
No dia 10 de outubro, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que esperava entre dois e quatro consórcios na disputa, envolvendo as 11 empresas habilitadas.

Total e Shell surpreenderam
Analistas ouvidos pelo G1 afirmam que a entrada das empresas Total e Shell no consórcio vencedor surpreendeu. Isso porque o regime de partilha é visto por eles como desvantajoso para as empresas participantes.
“Já era esperado que teria só um consórcio e que a Petrobras entraria. Eu acho que a única surpresa é a Shell e a Total terem entrado, porque num  primeiro momento as pessoas achavam que elas não entrariam”, disse o ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP) David Zylbersztajn.
“É um modelo que nunca vai permitir competição. O fato de ter sido ofertado o mínimo [de 41,65% do óleo produzido] também não é surpresa, porque o modelo não ocorre a competição e vai dar sempre o mínimo desse jeito”.
O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, também disse, em entrevista à Globonews, ter ficado surpreso com a entrada das duas empresas no consórcio. Ele também avaliou que o fato de ter apenas uma proposta é ruim para o Brasil.
“Era esperado o passe mínimo. Quando não tem concorrente, você dá uma oferta mínima, porque teria a certeza que não haveria concorrente, o que é ruim para o país. Se tivesse concorrente, teria um excedente para a união maior do que 41,65%”.
Outro fato que surpreendeu no resultado do leilão foi a pequena participação das estatais chinesas. CNPC e CNOOC terão 10% do consórcio cada. Analistas do setor acreditavam que as empresas asiáticas liderariam a rodada, devido à grande necessidade de petróleo na China, que é um dos maiores consumidores mundiais.
Lobão se disse “honrado” com a chegada das duas empresas chinesas no mercado de petróleo do Brasil. E afirmou que o governo brasileiro é a favor do investimento estrangeiro no país. “Nada temos contra as corporações internacionais, temos tudo a favor. Elas não são o mal, são o bem”, disse Lobão.

O campo de Libra
A exploração do campo de Libra, leiloado nesta segunda-feira, deve dobrar as reservas nacionais de petróleo, de acordo com a ANP. A agência estima que o volume de óleo recuperável na exploração de Libra seja de 8 bilhões a 12 bilhões de barris – as reservas nacionais são hoje de 15,3 bilhões de barris.
As reservas de gás somam atualmente 459,3 bilhões de metros cúbicos e também devem duplicar com Libra.
O campo de Libra fica na chamada Bacia de Santos, a cerca de 170 quilômetros do litoral do estado do Rio de Janeiro. A sua área é de cerca de 1.500 quilômetros quadrados. De acordo com o governo, é a maior área para exploração de petróleo do mundo.
A estimativa é que Libra chegue a produzir 1,4 milhão de barris por dia, quase cinco vezes a produção do campo de Marlim Sul, que hoje ocupa a liderança no Brasil com 284 mil barris diários. Segundo a ANP, o maior campo do mundo, de Ghawar Field, na Arábia Saudita, tem de 75 bilhões a 83 bilhões de barris recuperáveis e produção média diária de 5 milhões de barris.

O óleo presente no campo de Libra é do tipo leve, que tem maior valor de mercado.
A ANP estima que, entre 2013 e 2016, sejam investidos cerca de R$ 400 bilhões no setor de petróleo e gás no país – boa parte desse valor vai ser demandada pela exploração de Libra, com a compra de bens e serviços.
Segundo especialistas, o início da produção pode levar de 5 a 10 anos, a depender da geologia do local e dos investimentos feitos pela empresa vencedora. O pico da produção pode levar 15 anos para ser atingido.

As empresas

Sobre o modelo de partilha, o presidente da Shell do Brasil, André Araujo, disse que já conhece as condições do contrato há bastante tempo e não é uma surpresa que vem hoje para eles. “Com a experiência que nós temos em exploração de águas profundas a gente via poder contribuir com esse consórcio e a gente sabe que é do interesse de todo mundo que faz parte desee consórcio que ele seja bem sucedido”.
Ele não quis comentar a estratégia do consórcio.” Eu estou muito satisfeito porque ele se compõe da empresa líder em exploração em águas profundas. Estamos satisfeitos porque a Petrobras teve 10% e mostra o interessa da Petrobras dentro do projeto. Nós temos outras companhias que têm experiência internacional em exploração de águas profundas e isso faz com que o consórcio tenha um bom desenho”.

Novo leilão
O ministro de Minas e Energia disse que o governo não estuda, no momento, qualquer alteração no modelo de partilha para futuros leilões do pré-sal. Ele admitiu, porém, que os “ajustes” são normais.
“Claro que, se no futuro chegarmos à conclusão de que alguma coisa deve ser arrumada, faremos. Mas, no momento, não vemos nenhuma necessidade”, disse.
Ele informou que um novo leilão para exploração de bloco no pré-sal não deve ocorrer antes de 2015. Entretanto, disse que o governo pode fazer no ano que vem uma nova rodada para exploração no pós-sal, com regime de convenção antigo (empresa que vence fica com o óleo e paga ao governo apenas royalties, participação especial e impostos).
A diretora-geral da ANP disse que não se sente “confortável” em recomendar ao governo que faça novo leilão de área no pré-sal nos próximos dois anos.
“Temos uma área [Libra] que vai exigir mais de uma centena de bilhão de reais [em investimento] para o seu desenvolvimento. É um investimento muito grande, a quantidade de bens necessários para Libra é imenso”, disse Chambriard. “Não me sentiria capaz hoje de sugerir ao governo federal um novo leilão no ano que vem”, completou.

Na Justiça
Embora o consórcio formado pela Petrobras, Total, Shell, CNOOC e CNPC tenha sido proclamado vencedor, os efeitos do resultado do leilão ainda podem ser suspensos pela Justiça Federal. Isso porque todas as 26 ações judiciais que questionam a realização do leilão terão de ser analisadas novamente na ocasião do julgamento do mérito dos processos.
Em um primeiro momento, os magistrados apreciaram, desde a semana passada, somente os pedidos de liminar (decisão provisória). Desses 26 pedidos, 18 foram rejeitados e outros oito não tinham sido analisados até a última atualização desta reportagem.

Protestos
O leilão, realizado no hotel Windsor, no Rio de Janeiro, foi marcado ainda pelos protestos do lado de fora e que deixaram pelo menos cinco pessoas feridas. Para conter os manifestantes, homens da Força Nacional de Segurança usaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não houve deslizes na atuação das forças de segurança. “Foi tudo muito bem feito. Eu acho que mostrou um padrão de excelência na segurança do evento tão importante na história do país.”
O ministro disse ainda que não tem informação de uma situação que tenha ultrapassado as regras e os padrōes. “A Força Nacional atuou na praia quando houve necessidade. Os manifestantes não passaram sequer da primeira barreira de contenção.”
Sobre os protestos, Lobão disse que o Brasil é um país democrático e que as pessoas têm direito de se manifestar, mas que o governo precisa fazer o seu trabalho.
“Isso [os protestos] não nos impede de cumprir o nosso dever com o povo brasileiro. Eles [manifestantes] falam, e nós trabalhamos e cumprimos a nossa parte”, disse o ministro.
Chambriard disse que as entidades envolvidas com os protestos tiveram oportunidade de se manifestar durante as audiências públicas que debateram o leilão.

O que esperar da Petrobras depois da compra de Libra?

Dona de 40% do maior campo do pré-sal brasileiro, a companhia pode ver sua receita subir 20% em três anos


Com a compra de 40% do campo de Libra, a Petrobras tem agora pela frente o desafio de explorar uma área com potencial de quase 8 bilhões de barris junto a outras 4 petrolíferas. No mercado, a expectativa é que a companhia realize grandes investimentos e obtenha os retornos esperados.

“A Petrobras oferece um detalhado planejamento de plataformas (capacidades de produção, custos, etc.) e datas, que já ajuda muito”, afirmam Andrew Muench e Diana Stuhlberger em relatório recente da Brasil Plural. Pelos cálculos da corretora, a receita líquida anual da empresa pode pular dos atuais 280 bilhões de reais para até 340 bilhões em 2016 com o pré-sal.

Ainda segundo o informe da Brasil Plural, o lucro bruto da Petrobras pode crescer aumentar em 24 bilhões de reais nos próximos quatro anos – caso a agenda prevista pela empresa seja cumprida. “A questão mais importante diz respeito ao investimento da Petrobras de 237 bilhões de dólares em infraestrutura, que pode ser perigosamente afetado pela influência do governo”, adverte o documento.

Além da Petrobras, CNPC, CNOOC, Shell e Total vão explorar Libra – que tem 1,5 mil quilômetros quadrados e fica localizado na Bacia de Santos. Se representasse a produção de petróleo de um país, o maior campo do pré-sal brasileiro estaria em vigésimo lugar no ranking mundial.

OMV, Repsol e Total fazem nova descoberta de petróleo

A descoberta foi feita na Bacia de Murzuq, na Líbia


A austríaca OMV anunciou nesta segunda-feira, 20, uma descoberta de petróleo na Líbia em conjunto com seus parceiros Repsol, da Espanha, e Total, da França.

A austríaca tem uma participação de 30% no bloco, assim como a empresa francesa. A Repsol é responsável por 40%.

A descoberta foi feita na Bacia de Murzuq, 800 quilômetros ao sul da capital Tripoli. As perfurações começaram em maio deste ano e devem continuar até o fim de 2015.

Essa é a primeira descoberta feita pela OMV no país africano desde a revolução ocorrida em 2011. Fonte: Dow Jones Newswires.

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