PetroPET – Programa de Educação Tutorial em Engenharia de Petróleo

Importância da construção de um modelo estratigráfico no estudo de um reservatório

O estudo do modelo estratigráfico é de suma importância para o estudos de reservatórios. Através desse modelo, podemos definir sequencias geológicas dentro dos hidrocarbonetos. É fundamental que esse estudo seja preciso, já que os fluidos são fortemente influenciados pela geometria interna dos reservatórios. Por isso, para serem obtidos resultados eficientes, é necessário dedicação de tempo e recursos.

Algumas dificuldades que podem ser encontradas no estudo de reservatórios estão relacionadas com o ambiente deposicional. Quando as sequencias sedimentares apresentam uma extensão lateral significativa, as correlações também são relativamente mais simples. Temos alguns exemplos que podemos observar como em alguns campos do Adriático, onde podemos correlacionar eventos individuais de apenas alguns centímetros de espessura mesmo entre poços com vários quilômetros de distância.

Fig. 1. Correlação entre poços

Porém, existem casos em que a extensão lateral dos corpos sedimentares e a distância entre os poços é menor. Esses casos são mais comuns nas formações geológicas continentais e transicionais, como nas aluviais, fluviais e deltaicos, onde reconstruir a geometria interna nos reservatórios pode ser um grande desafio para os geólogos e engenheiros.

A interdisciplinaridade entre os ramos de estudos e o conhecimento de técnicas específicas sobre o assunto são essenciais para aprimorar a precisão do resultado final. Como exemplo, é importante citar a utilização dos dados básicos usados para a relação poço a poço. São registrados logs em poços abertos ou poços revestidos e núcleos para criar seções estratigráficas e correlações, em termos de profundidade real ou nível de referência através do qual podemos geralmente identificar as linhas das variações correspondentes.

Fig. 2. Carta cronoestratigráfica da Bacia de Pelotas

O sistema cronoestratigráfico pode ser um importante aliado dos geólogos e engenheiros a fim de evitar possíveis erros. Este tem como base a hipótese de que a deposição de corpos sedimentares está diretamente relacionada com os efeitos das mudanças no nível do mar, sedimentação, subsidência e tectônica.

Dessa forma, é possível identificar sequências de diferentes ordens hierárquicas dentro de uma unidade geológica. Essas sequências representam as inconformidades ou superfícies de alagamento máximo. A correta identificação vai gerar um trabalho cronoestratigráfico extremamente detalhado.

Fig. 2. Modelo estratigráfico 3D

Após definir a correlação de referência, é interessante analisar a precisão usando outras técnicas e dados, como:

Bioestratigrafia e palinologia – exemplos de rochas são analisados com o objetivo de estudar a micropaleontologia e/ou associações palinológicas.

Dados de pressão – com esses dados é possível obter importantes informações sobre a continuidade e conectividade de vários corpos sedimentares.

Dados de produção – A observação do equilíbrio termodinâmico correspondente com características específicas dos fluidos produzidos na superfície (razão gás-óleo e densidade do óleo). A presença de anomalias pode indicar problemas de correlação.

Dados de perfuração – a taxa de penetração fornece informações úteis sobre a estrutura estratigráfica cruzada. Esses dados fornecidos pela atividade de perfuração podem ser usados para verificar a consistência das correlações.

Com os horizontes estratigráficos definidos nos poços durante a fase de correlação, eles são ligados um ao outro, construindo superfícies que, juntas, formam modelo estratigráfico do reservatório. Este modelo consiste em uma série de mapas de espessura dos horizontes geológicos individuais localizados entre as superfícies de limite superior e inferior do reservatório. O modelo tridimensional é o mais usado por geólogos de reservatório para modelagem estratigráfica.

Fig. 3. Modelo Estrutural 3D

Então, é definida a geometria interna, para criar o conjunto de superfícies entre o topo e o fundo do reservatório que representam os limites entre as sequências geológicas selecionadas para correlação. Geralmente, como já enfatizado, estas superfícies formam limites entre unidades de fluxo que são independentes uma da outra.

Por Bruno Fischer

Referências

COSENTINO, Luca. Integrated Reservoir Studies. Paris : Editions Technip, 2001.
BARBOZA, E.G. Cronoestratigrafia da Bacia de Pelotas: uma revisão das sequências deposicionais. GRAVEL, Porto Alegre, junho, 2008. Disponível em: https://www.ufrgs.br/gravel/6/1/Gravel_6_V1_09.pdf. Acesso em: 19 de maio de 2021.

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